Criatividade - jogos com fronteiras
Esta conferência que decorreu durante fim de semana de 12 a 14 de Abril, encerrou o ciclo de encontros “Desafios da adaptação”, iniciado em 2010 pelo Instituto Internacional Casa de Mateus. O ciclo procurou promover uma reflexão alargada sobre as estratégias das universidades e das comunidades urbanas para se adaptarem aos desafios da sociedade do conhecimento, produzindo ambientes simultaneamente competitivos e com elevada qualidade de vida, capazes de atraírem e fixarem talento e criarem valor.
O encontro “Criatividade – jogos com fronteiras” explora, em algumas áreas seleccionadas, os limites da criatividade e o seu necessário confronto com vínculos pré-constituídos. A criatividade é muitas vezes (quase sempre?) o resultado de um equilíbrio dinâmico entre pulsão inovadora e necessidade de adaptação, entre desejo de ruptura e vontade de continuidade. Os oradores são convidados a explicar de que forma esta necessidade de adaptação a vínculos naturais ou culturais condiciona e estimula a sua criatividade.
As fronteiras da criatividade não têm nem a clareza nem a estabilidade das fronteiras geográficas: por um lado, há fronteiras “duras”, fronteiras “moles”, fronteiras “suaves” ou “doces”; por outro lado, esta mesma categorização evolui rápida e surpreendentemente com o desenvolvimento do conhecimento no interior de cada campo, assim como com a colocação desse campo específico no mapa mutável dos saberes; a percepção da fronteira não tem a mesma forma nem o mesmo peso no interior e do exterior… Do confronto entre diferentes perspectivas epistemológicas, métodos de trabalho, estratégias psicológicas, etc., deverá emergir uma ideia mais aproximadamente correcta sobre os mecanismos da criatividade na sociedade pós-moderna. Ao mesmo tempo, como “subproduto” deste exercício, ficará certamente uma visão panorâmica, estroboscópica, de algumas fachadas do limes do conhecimento contemporâneo e as suas perspectivas de deslocação/expansão.
Criatividade e conhecimento são conceitos actualmente na moda, cuja inclusão em discursos políticos de domingo é obrigatória. Por isso mesmo, importa esclarece-los e evitar simplificações abusivas e improdutivas. Em muitos casos, o discurso politico está prisioneiro de uma linguagem e de uma visão típicas do início da era industrial, onde a criatividade é um acto individual, romântico, que se inscreve na tabula rasa e o conhecimento é a “re-produção” de uma realidade exterior. Nesse discurso simplista, o conceito também muito abusado de “cluster” não é geralmente mais que o ícone de uma pressentida complexidade não metabolizada ou um sinónimo de lista de desejos (individuais ou de grupos de pressão); em qualquer caso, ignora-se a perspectiva autopoiética do conhecimento. Neste sentido, a conferência “Criatividade – jogos com fronteiras” pretende contribuir para uma melhor compreensão dos conceitos de conhecimento e de criatividade, sublinhando a importância fundamental da interdisciplinaridade e da temporalidade na elaboração de qualquer estratégia eficaz de promoção activa da criatividade.
Agenda do Seminário “Criatividade | Jogos com Fronteiras”
Sábado – 13 de Abril, Barrão
10:00 Abertura, Jorge Vasconcelos
10:30 Panel 1– A Natureza
Moderador : António Cunha
10:35 Velocidade da luz: constante ou variável? – João Magueijo
11:05 Construir (n)o espaço – Nuno Portas
11:35 Conduzir o invisível: interpretar o tempo – Joana Carneiro
12:05 Debate
15:00 Panel 2– A Sociedade
Moderador : Jorge Vasconcelos
15:05 A criatividade e a preservação em política: duas faces da mesma moeda? – Miguel Morgado
16:05 Debate & Coffee Break
16:30 O peso do passado nas artes – António Feijó
17:00 O fado: entre fidelidade e transgressão – Rui Vieira Nery
17:30 Debate
Domingo, 14 de Abril, Barrão
09:30 Panel 3 – O Homem
Moderador:Teresa Albuquerque
09:35 O corpo – origem e limite da criação – Rui Horta
10:05 Vontade e consciência – Nuno Sousa
10:35 Do Ser Humano, como objecto da criação e sujeito criador – Frei Bento Domingues
11:05 Debate
12: 00 Encerramento
António Cunha, Jorge Vasconcelos