The Future of European Utopia

Nos 500 anos da Utopia de Thomas More

Projeto coordenado por Álvaro Vasconcelos, investigador convidado do CEIS 20 

co-organização: Instituto Internacional Casa de Mateus, CEIS 20 da Universidade de Coimbra

com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian.

 

Programa - Uma Nova Utopia Europeia, clique aqui.

Vivemos um momento de descrença e de niilismo, de recusa de uma referência a valores éticos, em nome da crítica ao chamado politicamente correto, mas também de violência niilista, sem sentido ou objetivo. Para alguns, esta situação tem origem no desvanecimento das grandes utopias que marcaram o século XX, seja a utopia comunista ou a do capitalismo com face humana, o da social-democracia ou da democracia-cristã, mas também da crise grave de outra grande utopia do século XX – a utopia da Europa. A comunidade das nações da Europa, da unidade na diversidade, da paz democrática, parece enfrentar uma ameaça existencial. 

Mas será possível o progresso humano sem utopias que inspirem, mobilizem e que, sobretudo, possam dar um sentido à ação política e social? Em suma, era a utopia europeia um sinal de irrealismo politico ou, pelo contrário, a alavanca sem a qual não há progresso? Ou, nas palavras de Václav Havel, referindo-se à União Europeia «sem sonharmos com uma Europa melhor nunca construiremos uma Europa melhor». 

A comemoração dos 500 anos da publicação da Utopia de Thomas More, em 2016, foram uma ocasião para o debate do tema, sempre recordando que para Thomas More a utopia não era uma quimera, fruto da imaginação, mas sim a resposta radical a problemas reais da sociedade do momento.  

No momento otimista que se seguiu à queda do muro de Berlim, Francis Fukuyama desenvolveu a utopia do fim da história. Pelo menos no hemisfério ocidental, a democracia deixaria de ter alternativa e triunfaria por toda a parte, tese rapidamente posta em causa pela emergência do nacionalismo identitário. O fim da história foi acompanhado pela utopia da Europa unida, do Atlântico aos Urais, tendo como núcleo federador a União Europeia. O nacionalismo, porém, emergiu e fraturou a Europa, ao mesmo tempo que a própria União entrou em crise, pela combinação de pelo menos três fatores: a dificuldade em superar o défice democrático, a crise económica e financeira e a emergência do nacionalismo e da xenofobia entre os Estados membros – e o Brexit é um reflexo dessas três crises. 

A utopia não desapareceu do pensamento dos europeus e ressurge na utopia ecológica, na exigência da democracia participativa, no multiculturalismo e na hospitalidade, na qualidade de vida sem crescimento. 

O projeto sobre o futuro da Utopia Europeia tem como objetivo central colocar no debate a questão da Utopia no mundo contemporâneo, mas muito particularmente no contexto da crise da União Europeia. Procuraremos fazê-lo através de passos pragmáticos e sobretudo abertos, tentando por aproximações sucessivas identificar quais são as utopias que hoje inspiram os cidadãos dos Estados da Europa, analisando como elas são vistas por cidadãos de outros países do mundo, até chegar a uma construção hipotética de uma Utopia construída a partir dessas Utopias. Desenvolvermos o projeto numa perspectiva de Europa aberta- desde o primeiro encontro, serão envolvidos no projeto especialistas de fora da Europa, nomeadamente do Brasil.

O debate em Mateus desenvolve-se em 3 etapas:

 

1. Um debate sobre Democracia e Utopia com a intervenção do filósofo Renato Janine Ribeiro, seguido da apresentação, por Fátima Vieira, de um estudo do significado atual da obra de Thomas More, a partir de uma análise das manifestações em torno das comemorações dos 500 anos da primeira edição da "Utopia" e com uma primeira abordagem às utopias que florescem na Europa.

2. Um debate sobre Cultura, democracia e cidadania, com intervenção de Jorge Barreto Xavier, ex-secretário de Estado da Cultura, professor de políticas públicas na área da Cultura, no Instituto Universitário de Lisboa, ISCTE-IUL.

3. Um terceiro e último debate incide sobre o futuro do trabalho, a quarta revolução industrial e o rendimento básico incondicional, com intervenções de Pedro Santa Clara Gomes, Sara Bizarro e Gonçalo Marcelo, no âmbito do Ciclo de Conversas Arte, Ciência e Cultura, a que se segue uma discussão do grupo de trabalho sobre o Futuro da Utopia Europeia sobre democracia participativa, multiculturalidade, ecologia e desenvolvimento sustentado.

 

Os debates envolvem especialistas internacionais e nacionais, tanto da obra de Thomas More como de áreas como filosofia, história, literatura, política e economia. 

 

A culminar o projeto, será elaborado, pelo coordenador, um relatório com as principais conclusões dos debates e dos contributos recolhidos na plataforma. 

 

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Participantes: 

Álvaro Vasconcelos 

Ana Maria Rodrigues

António Cunha

Eduardo Marçal Grilo

Eric Hertzler

Fátima Vieira 

Gema Martin Muñoz

Gonçalo Marcelo

Isabel Valente 

José Gil 

José Eduardo Reis

Luís Braga da Cruz

Miguel Arana Catania

Paulo Magalhães

Pedro Bacelar de Vasconcelos 

Pedro Santa-Clara Gomes

Roberto Merrill 

Sara Bizarro

Teresa de Sousa

Teresa Albuquerque

 

O seminário em Mateus tem o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian

  • Fundação Calouste Gulbenkian

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